terça-feira

A minha 8ª MM de Ovar - sabor agridoce

Fodaice ...

Domingo fui à Meia Maratona de Ovar com um objectivo claro … fazer um teste à forma actual e bater o meu recorde pessoal na distância.

Na semana que antecedeu a prova apanhei um valente susto … foi no treino de séries de 3ª feira… os tiros (3) de 2km saíram na perfeição e sempre em crescendo … 3,58, 3,55 e 3,50/km foram as médias em cada série … e senti-me muito bem, leve e rápido, a recuperar muito bem entre elas … quando acabei a última fiz os 3min de recuperação previstos e quando me preparava para 1km final a rolar senti uma fisgada abaixo do gémeo direito … parei imediatamente … conheço esta dor ... de tempos em tempos arranjo um trinta e um destes e são longas semanas de recuperação … caminhei até casa e deixou de doer. Mas deixou-me cheio de dúvidas. Será que? Seria mesmo muito azar … logo agora que me estou a sentir tão bem.

No dia seguinte andei o dia todo preocupado, mas sem dores … fui à massagem e depois fui testar … saí para fazer uns 4km e acabei por fazer mais de 8km … muito controlado ao início e um pouco mais ritmado ao fim. Nada de dores, mas continuei desconfiado. Na 5a fiz mais 8km controlados e nada. No sábado foram ca.6km mas já com uns sprints e um km para 4,15/km … nada. Parece que foi mesmo só susto. Ufa …

Durante o dia de sábado portei-me muito bem a nível alimentar, hidratei bem, comi bem, nada de exageros … à noite preparei tudo, estudei o percurso novamente, fiz um plano alimentar e delineei uma estratégia para a corrida … acho que um tempo dentro da 1h26 é bem possível … sinto-me bem, estou leve e rápido … faltam-me participações em provas para aferir em que ponto estou de verdade … e deito-me com aquele nervosinho miúdo que já não me lembrava de sentir há muito tempo.

A noite foi mal dormida o que não é nada de novo numa casa com uma bebé. 7h e estou a levantar-me …. equipar, pequeno almoço e siga para Ovar para encontrar com a malta para o café da praxe e foto de equipa para manter a tradição.


este ano fomos menos mas não deixa de ser uma grande inkipinha

Vou aquecer cedo … hoje não quero deixar nada ao acaso … também quero chegar cedo à zona de partida para ficar o mais à frente possível, porque sei que nas primeiras centenas de metros a estrada é estreita e é importante fugir à confusão.

último encontro antes da prova ... 

O aquecimento corre bem … sinto-me bem … mas está calor … fiquei a suar em bica. Ainda passo pelo carro para um último gole, meter um primeiro gel e vou a correr até à zona de partida mais de 20min antes das 10h, hora prevista para a partida. Quando lá chego qual não é o meu espanto ... está tudo cheio de gente … vou furando, mas fico a ca. de uma centena de metros do pórtico … foda-se … enquanto estou ali à espera, vou apreciando a malta à volta … muita gente dos 10km, alguns grupos de corrida que vem apenas para se divertir e igualmente gente que vai à caminhada … nada a fazer, chegaram primeiro … vou ter que gramar o pepino pelo menos até aos bombeiros e depois é tentar recuperar …

… recapitulo pela centésima quadragésima quarta vez o plano em pensamento … 20m30s para os primeiros 5km, passagem aos 10km em 41m, 1h01m30s aos 15km e depois que seja o que as minhas pernas, coração e pulmões deixarem. Fácil!!!

Está calor … não consigo parar de suar … faltam 4 minutos quando ligo o relógio … pouco depois o pelotão avança umas poucas dezenas de metros, sinal de que a partida vai ser dada … 5, 4, 3, 2, 1…. PUM … demorei quase 1 minuto para passar o pórtico e até aos bombeiros é um misto de caminhar rápido, tentativas de entrar no meu ritmo, sprints para passar alguém, passagens pelo passeio … até à rotunda dos bombeiros não olhei para o meu relógio, estava concentrado em avançar de alguma forma sem atropelar ninguém …

é como se pode, não como se quer..

Ao passar a rotunda finalmente algum espaço e começo a esticar … olho para o relógio e o ecrã diz “calibrar bussola” … não acredito!!! Logo agora … no aquecimento estava tudo bem … nada a fazer, tiro o relógio o pulso e trato de o calibrar enquanto tento não baixar o ritmo e não atropelar ninguém … quem diz que os homens não são multi-tasking?

Consigo que o gajo comece a funcionar e volto a coloca-lo no pulso … mas está estranho, o ritmo não bate nada certo com o que vou a sentir … eu acho que nesta fase vou bem abaixo dos 4m/km mas ele teima em dar-me ritmos bem mais lentos. Nada a fazer ... fico sem noção a quantas ando …

Um pouco antes dos 2km aparece o Luis Trigo vindo de trás … “vamos …” … tínhamos estado juntos no café e na brincadeira ele e o Nuno Silva tinham-me desafiado ir para a 1h25 … desencontramo-nos no aquecimento … o Nuno Silva ia bem lá para a frente (fez abaixo das 1h21) e agora tinha o Luis como lebre … e lá fui com ele … pelo menos agora tinha alguma referência … passamos aos 5km com 20m40s segundo o relógio dele … como ele partiu depois de mim, isto queria dizer que eu estava já atrasado em relação ao objectivo …. mas como agora era a descer aumentamos um pouco o andamento … o meu relógio continuava doido … tanto dava km a mais de 6m como deu km abaixo de 3min … que merda…

obrigado pela foto Catarina ...

Entre os 7 e 8 km estava na hora do gel … o Luis pelos vistos tinha o mesmo plano, mas algo correu mal, penso que não conseguiu abrir o dele e teve que parar “vai, que já te apanho” … olha fodasse, voltava a estar por minha conta e completamente às cegas nos que diz respeito a saber a quanto ia … e não sei correr ao ritmo de sensações, se fosse pelas sensações estava com certeza sempre a morrer 😉 … o que fazer? É ir andando …


Obrigado pelo video Gil

ganda Luis ...

Há um retorno ali por volta dos 8,5km e passado um pouco volto a ver o Trigo de frente  “vai que já te apanho” e um pouco depois vejo o João Sousa “vai velhinho que eu já te apanho” …. “nãoooooo” … o gajo que me anda a preparar é o João, e eu tinha-o visto ali por volta dos 4km na berma da estrada … ele estava equipado e desconfiei que fosse fazer um treininho, não imaginava é que o treininho dele fosse para puxar por mim durante uns kms valentes … tou fodido …

A coisa já não ia muito fácil, mas não deixei de forçar na subida que nos levava novamente até à rotunda dos bombeiros ... eu sabia que depois seriam uns bons 3 a 4km maioritariamente a descer até ao Furadouro … o João apanhou-me um pouco antes dos 10km … aos 10km disse-me que tinha 42 minutos … tirando quase um minuto que demorei a passar o pórtico que dizer que nesta altura estaria ligeiramente acima dos 41m o que quer dizer que tinha recuperado e estava dentro do plano …

Diz ele …  “agora vou meter 4,05/km certinhos” … e eu lá tentei ir atrás … ora ele fugia um pouco, ora eu recuperava … pensava que a descer e no planinho até ao Furadouro iria ser mais fácil, mas não foi. Já me sentia bem desgastado e ia desconfiado que o João estaria a ir mais rápido do que me dizia … o meu relógio agora dava médias mais rápidas, tudo km bem abaixo dos 4m/km … tá completamente doido … eu não tinha outro remédio se não ir atrás do João o melhor que podia.

“Anda …” …. “encosta…” … “atrás de mim, protege do vento ..” … a voltinha pelo Furadouro é sempre fixe … muita gente nas rotundas, gente entusiasta na marginal junto ao mar … ouvi muitos a chamarem por mim, mas sinceramente não conseguia ver quem eram … desculpem, mas estava mesmo concentrado na minha prova e a ver se não perdia um pulmão ou outra peça qualquer pelo caminho 😊

aguenta Perneta ....

Por volta dos 14km voltei a meter um gel … abrandei um pouco e tive muita dificuldade em voltar a entrar no ritmo, fui abaixo ali durante uma centena boa de metros … o João apercebeu-se e abrandou, esperou que eu encostasse e voltou a acelerar … e eu lá fiz das tripas coração e consegui voltar à prova … 15km e saímos do Furadouro para regressar a Ovar … continuo sem a mínima noção a quanto vou, nem que tempo temos … o João vai uma dezena de metros à minha frente e não lhe consigo chegar perto para perguntar ….

… de repente vejo o Luis Trigo na berma da estrada … abdicou da prova dele e está ali para me puxar nos últimos km … mais tarde diria “para te apanhar teria que fazer muitos km abaixo de 4m/km, ia-me desgastar muito e não valia a pena” … a sorte que eu tenho em ter amigos destes!!!

Agora tinha duas lebres … mas sentia quê estava a ficar nas lonas … aguentei firme na recta do Furadouro a Ovar … o problema foi a subida ao último retorno … quase 1km em que me faltaram as forças nas pernas, parece que me estavam a puxar pela camisola … eles bem tentaram, bem puxavam por mim, mas não consegui reagir … só queria chegar ao retorno para depois fazer o sentido contrário, aproveitar que era sempre a descer …

E foi a descer que voltei a conseguir correr mais rápido … não sei se muito ou pouco rápido, só sei que um pouco antes dos 18,5km o Sousa ainda me disse “1h27 ainda é possível, aperta-me esse cú”  … fodasse …

Vinha a parte mais terrível de todo o percurso … levas 18,5km nas pernas e vais ter que subir aqueles 2km, não muito inclinados, mas sempre a subir novamente até à rotunda dos bombeiros de Ovar … o João ficou por ali, o Trigo foi comigo … sempre a puxar por mim … “anda Carlos” … “aperta” …. “tá quase” … não foi por falta de ajuda que eu não consegui. O meu relógio continuava a dar km bem abaixo dos 4m/km … ta que o pareu … nunca falha e teve que ser logo hoje ..

aperta ... ganda Xô Presidente Dias a apoiar ...

obrigado pelo video Gil

Fiz mais de metade da subida bem melhor do que esperava, a um bom ritmo, acho eu … mas voltei a fraquejar nos últimos 200 ou 300m antes dos bombeiros mesmo com o Luis sempre a tentar que não baixasse as armas. O Luis ficou-se ali pela rotunda … o trabalho estava feito e ainda iria buscar o Bruno que vinha um pouco mais atrás …

mais um danoninho....

Depois da rotunda final são uns 400 a 500m sempre a descer até à meta … meti uma abaixo e fui buscar as últimas reservas de energia que ainda tinha, sempre a tentar vislumbrar o relógio na meta pois ainda tinha esperança que estivesse dentro da possibilidade de recorde pessoal … quando vi que estava no minuto 28 tive a noção que não ida dar … mesmo assim segui o mais forte que pude até à meta …

aperta ...

feito ....

fodaice ... 

… depois de passar a meta tive ali uns segundos em que me tive que concentrar para não cair pró lado … o gradeamento a que me agarrei numa das laterais tb ajudou 😉 … foram apenas alguns poucos segundos de quase desfalecimento.

vou ali agarrar-me aquelas grades fofinhas e já volto...

Oficialmente fiz 1h28m10s …. apenas 23 segundos mais lento que o meu rp que data de 2021. Foi pena … fiz uma excelente prova e um excelente treino para a Maratona, mas ficou um amargo de boca pois hoje em condições normais tinha dado ….

15º nos velhotes da minha idade não é mau ... ainda eram 157

A verdade é que naqueles primeiros 500/600m de prova perde-se muito tempo … pelos registos da lap2go parti no lugar 655 e cheguei em 156 … passei 500 pessoas, e acho que mais de 400 terá sido no primeiro km. E não cheguei tarde desta vez, cheguei 20min antes … acho que a organização poderia numa edição futura separar as partidas por boxes (21k, 10k e caminhada) … pelo menos a malta da caminhada deveria ser colocada numa box mais atrás … até é perigoso estar ali no meio, digo eu …

Arranquei em 635 ... aos 8,2km já ia em 209 ... 

.. mas mesmo assim acho que tinha conseguido tirar esses 23 segundos … a história do relógio foi azar … perdi completamente a noção, sem acesso à informação a quanto ia... tenho a certeza que poderia ter gerido melhor. Hoje em dia somos muito dependentes das tecnologias. Paciência … as coisas são como são e há que ver o copo meio cheio … foi a minha 3ª melhor marca de sempre numa MM o que confirma que estou a melhorar … este ano é a 3ª meia e a evolução é excelente:

Março … MM Primavera 1h33,10

Maio … MM Douro Vinhateiro 1h31,16

Outubro … MM Ovar 1h28,10

Há outros factores positivos … poucos minutos depois de ter acabado já tinha os bpm mais que controlados e as pernas estavam boas para a coça que tinham levado. Durante a tarde tb me senti bem.

Sissi a jogar em "casa" e o grande Pedro Vicente ... 5 anos a correr todos os dias ... o mais parecido com o Forrest Gump que eu conheço ... 

Falta menos de um mês para a Maratona do Porto … estou curioso como recupero nos próximos dias. Esta semana é muito importante e será muito bruta, com especial destaque para o longo mais longo, segundo o Mister o verdadeiro teste … 32km no próximo domingo … estou motivado, vamos ver se as minhas pernas e pulmão acompanham esta motivação!!!

Dos meus compinchas de clube que andam a preparar a Maratona nenhum conseguiu chegar ao que pretendia. Estava com especial interesse em ver o tempo que o Bruno ia conseguir fazer … eles está a andar muito ... mas tb não chegou lá … por culpa dele … ir fazer 80min de um jogo de futebol de 11 um dia antes??? Depois não dá … 😉 … o Leandro lembrou-se de ir 10min a uma casa de banho de um restaurante no Furadouro 😉 e o único que se safou mais ou menos dentro do previsto foi o nosso Américo … é como é …. dia 2 de novembro vai correr bem a todos!!

rir para não chorar ...

ninguém vai fazer um jogo de futebol no dia anterior à tentativa de bater um rp numa meia, ou vai???

olha ... aguenta...

Por fim resta agradecer a tanta gente conhecida que fui encontrando em prova ou nas ruas e que não se cansaram de me incentivar … desculpem se não devolvi o carinho, mas estava mesmo focado na minha prova.

Obrigado ao João Sousa e ao Luis Trigo por terem estado ali a puxar por mim … João … tás lixado com o teu atleta …. Trigo … velhos são os trapos … que grande máquina que estás. Se no “nosso tempo” de CINCA já tivéssemos descoberto a corrida a esta hora a empresa tinha um clube de corrida 😉

Por fim agradecer à minha Pikinita … só consigo andar nestas coisas porque alguém segura o barco em casa … há um ano fizemos a prova juntos, foi muito diferente, bem mais lenta, mas não foi menos enriquecedora. A moça era para estar presente… mas lesionou-se … não sendo grave a Maratona deste ano já se foi. Mas ainda haverá muitas aventuras pela frente … primeiro há que curar esse músculo … sigaaaa …

Uma palavrinha final para a malta organizadora da AFIS … esta prova nunca desilude … tudo impecável, o ambiente criado, os abastecimentos, os voluntários simpáticos, a camisola, o pratinho da praxe, o pão de ló … obrigado e muitos parabéns. Mas pensem com carinho na partida por boxes. Já nem digo por tempos, mas pelo menos separar os 21km, os 10km e a caminhada ia ajudar mesmo muito e não me parece ser muito difícil de colocar em prática. Ahhh … só uma coisita … não exagerem nos preços … 20 a 30 € como valor de inscrição está no limite dos limites … e eu gostaria de continuar a participar … esta foi a minha 8ª participação, de longe a MM em que mais vezes participei 😉

NOTA: Ahhh ... e experimentei uma camisola de manga cava pela primeira vez numa prova ... gostei muito da "liberdade" e a verdade seja dita que qualquer trapinho me fica bem ... já não gostei tanto do que fez aos meus mamilos ... eu sei, eu sei, ninguém me manda ser mamudo ... tenho que experimentar uma cena que se chama vaselina ....
Ouch ... 

sempre a aprender

sexta-feira

Estágio pelos Picos da Europa

 

Ando um pouco atrasado com isto da escrita neste tasquinho … o tempo não é muito mas há coisas que não quero deixar por registar aqui…

Logo após as “24h de P” tínhamos uns dias de férias marcados … eu a Pikinta gostamos de Road Trips, assim um pouco às sortes, sem grandes planeamentos, definir mais ou menos uma região e depois explorar um pouco ao sabor do vento, conforme o que for aparecendo e apetecendo … já fizemos várias, Açores, Madeira, Costa Alentejana e Douro mais recentemente e uma mítica e saudosa pela Sardegna já lá vão uns anos… este ano decidimos aventurarmos pelas Astúrias e Galiza com especial destaque pelos Picos da Europa …. a Dora já tinha andado por lá mas eu nunca … tínhamos 8 dias disponíveis ..

Havia alguns desafios extra desta vez, com especial destaque para a Sara (com um bebê de 18 meses a coisa é naturalmente diferente) e o gerir de um carro eléctrico o que obriga a uma abordagem “diferente”.

Houve um estudo prévio de itinerário, uma espécie de guia de intenções … mas apenas uma certeza … a primeira paragem seria Puebla de Sanabria, único sitio onde marcamos pernoita … o que viesse a seguir seria decidido e marcado dia-a-dia …

Outro grande desafio e o porquê de este post se enquadrar neste blogue (convém não me esquecer que é essencialmente de corrida 😉) era o facto de eu estar a meio de uma preparação de uma Maratona, não apenas para a acabar, mas para tentar um tempo extraordinário para as minhas capacidades … e para isso, não poderia interromper o plano de treinos mas ao mesmo tempo também não queria que as férias fossem condicionadas por causa disso. Não iria ser fácil, ainda por cima em zonas montanhosas e zonas que não conhecia, pensar em series, longos a ritmos doidos … vai ser uma aventura e um grande desafio tb …

O último grande desafio prendia-se com a alimentação – há menos de uma semana tinha tido a minha consulta de nutrição desportiva e recebido um plano … não se preocupem que não é nada de extremo, apenas algumas adaptações … mas estando de viagem e de férias não era fácil cumprir …

Vamos a isso?

Santa Maria da Feira – Puebla de Sanabria

A viagem foi tranquila e chegamos a meio da tarde … era dia de descanso de corridas (e ainda bem porque as pernas estavam uma lástima, fruto dos 36km das 24h de P) … check-in e siga para conhecer a aldeia … para ser sincero fiquei um bocadinho desiludido, muito porque as expectativas estavam bem altas … aquilo é giro mas … o que gostei muito foi do jantar … uma maravilha e umas belas facadas no plano alimentar … começa bem 😉









Precisava de carregar o carro e o Hotel tinha carregador. No plano de treinos para o dia seguinte tinha 30min a ritmo calmo. Levanto-me cedo, coloco o carro à carga enquanto vou correr. Pois …


Puebla de Sanabria - Potes

Começava a minha saga de treinar de madrugada … estava um frio de rachar e eu de manga curta … o carregador cismou em não funcionar e eu lá tive que ir para outro local a 3km dali para carregar a bateria… e encurtei o treino em 5min pois a ideia era não perder muito mais tempo por ali e seguir já para os Picos da Europa, mas antes ainda fomos ver os famosos lagos …





Destino Potes … pelo caminho marcamos um Apartamento para essa noite … precisávamos de cozinha, para fazer uma sopa para a Sara – é que espanhóis e sopa não dá. Viagem tranquila, com paragem em Leon para almoçar (e carregar carro) …

Chegamos ao fim da tarde, eu fui dar uma volta com a Sara enquanto a Dora fazia uma formação online. Jantamos em “casa”, sopinha e uma bela de uma massaroca ... e depois, mesmo com os primeiros pingos de chuva a ameaçar, fomos conhecer Potes by night … e que bela surpresa … uma aldeia medieval espectacular, com os seus monumentos, ruas e ruelas típicas, construídas ao lado de um rio, muitos de tascos e tasquinhos com alguma vida. Amanhã passamos uma parte do dia por aqui e decidimos ir até Ponte de Dé subir a 2600m de teleférico. Gostamos tanto que ainda ponderamos ficar ali mais uma noite mas como não havia disponibilidade de apartamento para o dia seguinte decidimos que iriamos até Arenas de Cabrales.

pelo meio das viagens houve sempre paragens para uns petiscos







E eu no dia seguinte tinha 10km rápidos para fazer …

 

Potes – Arenas de Cabrales

Levantei-me de forma a sair antes das 7h, ainda de noite e por isso com frontal … queria estar de volta no máximo às 8h para não perder muito tempo. O Apartamento ficava a ca. 500m do centro e até lá era plano … tinha reparado que depois a estrada saía de Potes e continuava mais ou menos plana … vou até onde der, e se começar a inclinar volto e faço piscinas …. não foi preciso … consegui fazer 5,5km sempre a direito, mais ou menos plano … fui e voltei e completei os 12km com mais umas voltinhas ali junto ao apartamento. Saí com as pernas muito pesadas, voltei com elas mais frescas.


De manhã fomos conhecer Potes com luz do dia … e embora estivesse a chover, confirmamos a impressão com que tínhamos ficado … lindo, gente simpática (o que foi uma constante nestes dias), preços em conta … ficamos fãs de Potes, a Sara tb :) … acho que volto um dia destes 😊








Seguiu-se a viagem de teleférico já com o tempo a melhorar e o sol a aparecer… compramos os bilhetes e eu estava nervoso … sofro de vertigens, e aquelas cápsulas de vidro não sei não … mas eu vou …e fui … um pouco a tentar disfarçar, não olhando muito para baixo lá me safei sem desmaiar … quem adorou foi a Sara … infelizmente o tempo no cimo das montanhas estava muito agreste, não era o frio, mas muito vento e embora estivéssemos bem equipados não arriscamos a grandes caminhadas … ficamos por ali nas redondezas algum tempo apenas para apreciar as paisagens de vários ângulos e tirar algumas fotos …. mesmo assim valeu bem os 60 € gastos.









Decidimos regressar a Potes para almoçar num tasco onde de manhã tínhamos ido tomar um café … a Dora tinha visto lá uma tortilha com um aspecto delicioso …já não havia tortilha, mas havia huevos rotos entre outras tapas deliciosas … e cerveja fresca … que rica dieta, mais nada não!


menos mal ...

A tarde foi passada na viagem até Arenas de Cabrales, vila famosa pelo queijo de cabrales (está por todo o lado) e por ser o centro de onde partem muitos caminheiros para explorar os trilhos mais famosos dos Picos … como por exemplo a Ruta del Cares ou o caminho de Poncebos a Bulnes …. tb aqui tínhamos alugado um apartamento e jantamos em casa … um belo arroz de polvo feito pela Chefe Pikinita … a tradição de ir explorar a zona a pé à noite manteve-se … depois xixi e cama … no dia seguinte era dia de series de 1,6km … precisava de uma extensão plana com essa distância … só poderia ser pela estrada principal a fazer piscinas … e assim foi …

 



cidra não é definitivamente a minha cena .. e ainda bem



Arenas de Cabrales – Cangas de Onis

Ainda não eram 7h e já andava na rua a fazer 3km de aquecimento a rolar, aproveitei para fazer uns trilhos curtos que havia por ali … depois foram 4x 1,6km bastante rápidos … já se viam muitos caminheiros a sair de casa para apanhar transportes para as montanhas … e eu feito maluco a correr para trás e para a frente como se tivesse roubado alguma coisa … numa das vezes colou-se a mim um ciclista a perguntar se ainda faltava muito para acabar o meu treino … “8km” …. “puta madre … “ … ele se calhar achou que eu ia andar mais 8km naquele ritmo 😉 …

o aquecimento foi por aqui ....

"puta madre"

O dia foi passado nas redondezas … visitamos uma queijaria, provamos e compramos um queijo de Cabrales, mesmo eu não sendo adepto de queijos fortes gostei de um e lá trouxemos um pequeno…

todos os dias de manhã íamos tomar um café e experimentar algum doce da zona







… não conseguimos ir a todo o lado onde queríamos … o tempo estava magnifico, dava vontade de colocar uma mochila às costas e explorar aqueles trilhos todos … mas com a Sara não dava para esticar muito … há meio ano se calhar teria dado, pois ainda não caminhava … agora como caminha já tem vontade própria, se é que me entendem 😉








Sem dúvida, que Cabrales é uma localização ideal para quem quer explorar os Picos da Europa a pé (ou de bicicleta).

Seguia-se Cangas de Onis, talvez a localidade mais conhecida dos Picos da Europa. Mais uma vez decidimos por um Apartamento, na periferia de Cangas. Chegamos já tarde … enquanto eu preparava a janta a Dora foi fazer um treininho … jantamos com a ideia de sair para ir conhecer Cangas à noite … uma chuva torrencial fez-nos ficar em casa e deitar cedo. Por um lado, ainda bem, porque isto de andar sempre roda no ar ainda cansa …

em casa a coisa era saudável ... às vezes ...

Aproveitamos para estudar a próxima paragem. No plano estava a ida para a costa das Astúrias … Gijon? A partir dali poderíamos explorar a costa … mas é uma cidade grande e estávamos numa de aldeias e vilas … já não sei como surgiu Nueva … talvez na pesquisa de apartamentos … Nueva será!!!

 

Cangas de Onis – Nueva

A nível de corridas era dia de descanso para mim, aproveitei para dormir mais um bocadinho. Pequeno almoço e siga para o centro de Cangas para conhecer a coisa … não é nada de especial como vila, é giro mas … comparado com tudo onde tínhamos ficado é grande, muito comercio, já se veem lojas de marcas tradicionais, prédios de apartamentos … modernices. No entanto sentes-te bem ali … ao mesmo tempo é tranquila … a ponte romana em pedra é um dos pontos de referência … lá tomamos o café da praxe, sempre com um bolinho/bolacha mais tradicional da região … rica dieta 😉 … e siga para a estação de autocarros de Cangas para ir ver os Lagos e o Monastério de Covadonga. Na época alta (que é quase todo o ano, não consegues ir aos Lagos de carro … apenas de autocarro ou táxi).





Pois … mas estava tudo esgotado … e agora? De Nueva até aqui são pouco mais de 30km … voltamos amanhã … e reservamos já. Como para ver o Monastério de Covadonga dá para levar o carro aproveitamos parte da tarde para arrumar com isto … muito bonito. Deixamos o carro cá em baixo e percorremos a pé alguns caminhos e trilhos, visitamos o Monastério, a Capela e depois colocamo-nos a caminho de Nueva com a ideia de ainda ir a tempo de espreitar uma ou outra praia da zona. 







Antes de Nueva fomos espreitar Ribadesella que tinha sido outra das hipóteses para ficar … fizemos uma caminhada Ribeirinha, lanche e siga para Nueva. Ainda fomos espreitar a praia deles …






Praia muito bonita a ca. 2,5km da localidade … o caminho até lá tb era bonito … já tenho percurso para correr amanhã de manhã.




Enquanto a Dora cozinhou eu fui lavar e secar a roupa suja destes dias a uma lavandaria – a Sara estava já a ficar com pouca roupa disponível. Depois da janta e com uma garrafa de tinto no bucho (rica dieta) fomos esticar as pernas pela aldeia … muito bonita, muitas casas de média/alta, até um hotel pequeno, mas de 5 estrelas tem (fui espreitar e custava 500 paus a noite) … as pessoas ali tinham bom ar, boa pinta … de certeza que é uma aldeia onde gente com dinheiro tem as suas casinhas de férias.

Pumbas ...

Ainda antes de dormir tentamos encontrar o próximo poiso … certo é que no dia seguinte teríamos de começar a ir em direção à Galiza, direcção a “casa”. Corunha esteve sempre como opção principal quando delineamos mais ou menos o percurso … agora já não apetecia tanto porque queríamos manter a viagem um pouco afastada das grandes cidades. Nueva tinha sido um bom tiro no escuro … vamos arriscar outro e havia uma localidade chamada Navia junto à Costa ainda nas Astúrias mas já relativamente perto de Corunha. Navia será … desta vez reservamos um Hotel …


Nueva – Navia

Acordei mais uma vez cedo, com a luz do dia a precisar ainda de ca.15minutos para chegar … o suficiente para chegar à praia com luz natural … ainda dei umas voltinhas por uns trilhos naquelas falésias e voltei … 7,6km a rolar apenas como dizia no plano. Cheguei ao Apartamento e foi a vez da Dora fazer mais ou menos o mesmo percurso.



Hoje era dia de ir ver os famosos Lagos de Covadonga … regressamos a Cangas de Onis, tomamos o cafezinho da praxe e apanhamos o autocarro para os Lagos … percebi porque é que o transito tem que ser controlado … estrada estreita de montanha pura … aquilo aberto aos carros normais iria ser uma caos total … e por 9 € ida e volta vais confortavelmente sentadinho num autocarro.

Só pela viagem de autocarro já vale a pena … mas depois de chegar lá acima e ver os Lagos … magnifico!! Há dois percursos oficiais para conhecer os lagos … um de ca.3km e outro de 6km … tem alguma altimetria, mas não é nada de especial … mas com a Sara a pesar mais de 10kg, enfiada no marsúpio e com apenas 2h para apanhar o autocarro de regresso, decidimos pelo mais curto e ainda bem.













a choradeira porque queria ir para o chão ...

Depois desta bela caminhada, almoçamos as sandes que tínhamos comprado e, entretanto, chegou o nosso autocarro que nos viria a trazer de volta a Cangas. Agora seriam quase 200km de viagem até Navia … carregamos a bateria do carro e as barriguinhas com uma bela tortilha e uma Estrella Galícia a estalar.

 

Chegamos a Navia ao fim da tarde… tinha ficado desconfiado porque ao espreitar os restaurantes não havia muito por onde escolher. Fizemos check-in no Hotel e saímos para jantar e conhecer a vila … tem rio e praia, mas não vale a pena… foi a primeira localidade de que não gostei muito, não vimos nada de especial, nem centro histórico, a praia nada de especial tb. Mas jantamos muito bem, num tasco simples em que fomos muito bem servidos e mais uma vez nos decidimos por experimentar vários pratos, todos eles muito saudáveis com certeza … rica dieta.






Durante o passeio andei atento a uma zona onde pudesse fazer o longo do plano de treinos … tinha 20km no cardápio… eles tem rio, eles tem mar … mas o máximo que iria conseguir fazer mais ou menos plano seriam piscinas de 4km … é o que é …

Não marcamos nada para o dia seguinte … iriamos decidir durante o dia ….

 

Navia - Sanxenxo


sou o maior ...

20km às voltas não é fácil..

Havia muita coisa para explorar junto à costa … especialmente praias, mas não dava para tudo. Antes de mais fomos carregar a bateria do carro num carregador junta a uma morgue/centro de cremação … tinha lá um café e aproveitamos para passar o tempo. Foi aí que decidimos que a última noite seria em Sanxenxo … já lá tinha passado, mas não conhecia, a Dora tb não. E encontramos um Hotel por 55 euros com pequeno almoço incluído muito bem classificado.




Decidimos ir andando em estradas secundárias, sempre o mais junto à costa possível e foi a escolha acertada. Vimos muitas praias lindas, em algumas zonas a lembrar a costa alentejana … não deu foi para dar mergulhos … o tempo esteve bom mas não o suficiente para praia, talvez sem a Sara tivéssemos arriscado uns mergulhos mas ela gosta demasiado de água para a levar para perto e não a deixar entrar … entramos na Galiza e a Dora lembrou-se um tasquinho onde há uns anos comeu um Polvo maravilhoso no centro de Corunha … vamos lá almoçar … acabamos por comer no Mc Donalds … primeiro porque a Pulperia estava cheia, tinha fila e só nos arranjavam mesa para daqui a mais de 1 hora, talvez … não seria problema se a Sara não tivesse que comer … e tinha o carro para carregar … no Mc Donalds consegui carregar e aquecer a sopa da Sara … comi uma saladinha … e soube bem … podem acreditar … mas a desforra ficou para o jantar!!!




O tempo tinha mudado … céu cinzento, vento e as primeiras chuvas. Não nos podemos queixar … desde que partimos de casa que as previsões davam chuva todos os dias e tínhamos escapado praticamente todos os dias.

Chegamos a Sanxenxo fim da tarde … o Hotel era simples, mas tudo limpo e a dona super simpática. Estacionamento gratuito e a 300m da praia. Vamos passear e jantar … quando arrancamos começa a chuviscar … ainda bem que fui buscar os impermeáveis ao quarto … foi mais de uma hora de chuva molha tolos … lá nos fomos abrigando debaixo dos toldos das lojas e restaurantes e sempre que diminuía aproveitávamos para avançar mais um pouco … e foi assim que passamos num restaurante junto à praia que nos chamou a atenção … e foi ali que fomos parar à hora de jantar … e ainda bem …









Sanxenxo – Santa Maria da Feira

Tinha um treino de 30min para fazer mas não fui. Deixei para o fim do dia, já em casa. O dia estava chuvoso e não permitiu fazer o que tínhamos previsto … que era fazer uma caminhada junto às praias de Sanxenxo … pelas nossas contas uns 7 ou 8km. Paciência … o pequeno almoço era simples mas bom … por 55 € a noite foi uma pechincha.

O regresso a casa foi junta à Costa de Sanxenxo a Pontevedra … e íamos parando sempre que encontrávamos algo de interesse. A chuva parou, entretanto, e aos poucos e poucos o tempo abriu … decidimos visitar Tui junta à Fronteira com Portugal … eu não conhecia e fiquei agradavelmente surpreendido … a gente quando vem à Galiza passa a fronteira e logo a primeira localidade é Tui – mas até à data foi sempre a passar ao lado. Desta vez como tínhamos tempo decidimos parar e ainda bem.










Portugal à vista...

O almoço foi já do lado de Valença, uma espécie de pic-nic junto às muralhas para não perder muito tempo. E fomos visitar as muralhas … já lá não ia à uns anos. Impecável.

almocinho ...







Seriam 16h e estava na hora de voltar a casa … hora e meia depois estávamos em Santa Maria da Feira. E à noite, depois de tudo arrumado, antes de ir dormir fui cumprir o treino previsto …

Adorei estes dias … e consegui cumprir grande parte do plano de treinos … tenho perfeita noção que sem a colaboração da Dora seria impossível ….já o plano alimentar nem por isso, mas a verdade é que perdi peso e estou mais seco 😊 …

Mas o maior desafio para a preparação da Maratona do Porto estaria ainda por vir… a habitual ida a Itália para a CERSAIE (maior feira de Cerâmica do mundo) que seria já daqui a poucos dias.

Depois conto como foi …